quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Breve relato - Ècolle Philippe Gaulier


(por Amanda Dumont)

"Never give up"... "Nunca desistir" (risos) Mesmo se o sonho projetado for "Ser um palhaço" ou melhor "Ser um bom palhaço" já que se for pra ser... é melhor ser bom! E ...para ser bom é preciso ser rídiculo, inútil, tonto, pretender e não ser! Parece meio confuso isso né! Mas é tão simples que chega ser complicado!
Foi essa a conclusão que tive após quatro meses digerindo a minha experiência no Summer Couse da Ècole Philippe Gaulier em Sceaux, França. O curso de clown com o "mestre" Gaulier que participei (juntamente com meu esposo e palhaço Thiago Lopes), aconteceu durante todo o mês de Julho, sendo 4h/aula diárias (de seg. á sex.) com a participação de cerca de 45 pessoas de países diversos... Entre eles atores que nunca tiveram experiência com o clown e outros já iniciados... Entre jogos, exercícios individuais, em dupla e em equipe foi possível compreender de que forma o palhaço precisa se descobrir para descobrir o riso, o amor pelo e para o público. "Pleasure" (prazer) .... Esssa é umas das palavras que o Gaulier muito usou na orientação dos jogos.. "É preciso ter prazer de estar em cena..." Se não existir esse prazer sincero, você não conseguirá amar o público e nem o público te amará....


Essa turma, da qual participei, foi a ultima oficina ministrada na sede da localizada em Sceaux... A confraternização final da oficina foi realizada na nova sede em Etampes, uma pequena, bela e tranquila cidade à poucos Km de Paris. A nova sede foi construida aos moldes das necessidades da Escola ... Foi o fim dos alugueis e necessidades de reformas para a École Philippe Gaulier...

 Gaulier é simplemeste "uma grande figura". Ao orientar o curso, prevaleceu sempre com um humor crítico e sensível aos momentos de cada indivíduo. Digo que foi uma experiência válida e sofrida! Todos sofreram ... ! Todos se divertiram...! Todos falaram a mesma lingua apesar de não falarem o mesmo idioma! A línguagem do riso por acidente ou simplesmente do riso...!



 Após essa vivência na escola do mestre Gaulier, eu e o Thiago nos propomos a multiplicar o conhecimento adquirido no curso de verão... Entre os dias 17 à 20 de janeiro (2012), o Território do Avesso, ministrou uma oficina de palhaço baseado nos jogos e linha de trabalho vivenciados na Ècolle Philippe Gaulier (Seaux, França). A oficina teve 25 participantes, acontecendo três dias na Galeria Monhangara e um dia no Cine Boca (no Mercado Municipal) em parceria da Secretaria Municipal de Cultura Esporte e Lazer de Gov. Valadares.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Invadindo as silhuetas urbanas"



"Levante" - Intervenções Urbanas: Uma proposta que visa o experimentalismo poético da urbanidade reutilizando a multiplicidade dos espaços públicos

O “Levante” é um subprojeto que compõem umas das linhas estratégicas de atuação do coletivo Território do Avesso.
O nome do projeto foi inspirado nas ressurreições políticas citadas em Taz – Zona Autônoma temporária (Hakin Bey – 1985). A obra descreve como grupos, bandos, coagulação voluntária de pessoas afins não hierárquicas (de diversas épocas), podem maximizar a liberdade por eles mesmos numa sociedade atual (Intensificação da vida cotidiana). O nome foi escolhido também em homenagem ao Grupo Levante de Teatro do Oprimido de Belo Horizonte (Rede de TO BH), um importante parceiro do coletivo...


 Adotar políticas baseadas em estratégias estéticas criativas em torno de um cenário cruel e difícil de ser mudados pelas vias do discurso formal ou militar é o que norteia  o "Levante - Intervenções Urbanas"... Assim tem nascido a “cidade evocada”, surpreendente pelos movimentos civis lúdicos autônomos, temporários e subversivos.





quarta-feira, 27 de abril de 2011

O avesso do território - Uma breve abordagem sobre as "multipliCidades"...


 
Amanda Dumont

Densidade e heterogeneidade. Conceitos que não mais definem sozinhos as cidades contemporâneas, mas redefinem uma série de efeitos colaterais que orientam novas formas de desvendar os múltiplos urbanos. Mapas e conformações físicas são insuficientes para esboçar a dimensão simbólica das cidades, dos croquis culturais e expressões oriundas da mentalidade urbana. Em Imaginários Culturais da Cidade: Conhecimento, Espetáculo e Desconhecimento, Nestor Canclini, professor da Universidade Autônoma Metropolitana do México, concebe as cidades a partir de três linhas conceituais: As cidades do conhecimento, com enorme poder de veicular informações, inovar e difundir tecnologias ao ponto de elaborar uma nova cidade, a do espetáculo. E por fim, fala-se das cidades multi e interculturais resultantes dos aspectos migratórios.
Os fenômenos inerentes a cidade constroem territorialidades também definidas pelos fluxos midiáticos. Jornais, rádios, cinema, a web e sobretudo a TV aberta ultrapassam as fronteiras físicas e tendem a formar simulacros de uma totalidade. Assim imaginários e comportamentos vão tecendo um modo global do pensar urbano. Tanta informação para a desinformação e conhecimento para o desconhecimento. Já a espetacularidade é conhecida! Projetos arquitetônicos colossais, realit’s show’s, culturas carnavalizadas. Porque não a higienização dos espaços públicos urbanos a favor do espetáculo? A privatização, o efeito paranóia dos centros urbanos e parafernálias eletrônicas dispersam o convívio social genuíno e concorrem para esvaziamento do sentido público desses espaços.
ONGs, artistas e ações comunicacionais de varias cidades, em especial da América Latina, têm acionado novas relações de aplicação do conhecimento na vida urbana com o propósito de rediscutir questões conflitantes da urbe e do desigual acesso à cultura. Políticas baseadas em estratégias estéticas criativas têm sido adotadas em torno de um cenário cruel e difícil de ser mudados pelas vias do discurso formal ou militar. Assim tem nascido a “cidade evocada”, surpreendente pelos movimentos civis lúdicos autônomos, temporários e subversivos.
            Não priorizar os espaços convencionais da cultural e ir de encontro com os transeuntes dos lugares urbanos públicos formais ou sucateados é o que tem incorporado o espírito de muitos grupos artísticos. É nesse pensamento de desconstrução de ritmos urbanos, de “brincar” com a rigidez do convívio social, que o Território do Avesso, coletivo cultural de Gov. Valadares, junto com outras poéticas e estéticas tem se apoiado. Invadindo a silhueta urbana o coletivo busca rediscutir a cidade mercadoria, reivindicar o senso de coletividade e o espaço público como lugar para a arte. Mas independente do território/cidade, a arte pública é definida pelo simples prazer do jogo. Ela é o território das pessoas, do encontro, da provocação e por naturalidade re-significa os lugares de passagem, religa o homem à seus pares e os homens a cidade onde vivem.